sexta-feira, 17 de julho de 2009
Duke e a Suíte do Harlem
Duke e Billy
Duke Ellington estudou música clássica quando aprendeu a tocar piano, desde muito jovem; porém, como muitos doseu tipo,ele sentiu que o conhecimento erudito não iria lhe trazer o que ele realmente queria desbravar naquele instrumento.
Com essa educação empírica, ele se tornou pianeiro na noite, mas logo descobriu o potencial que havia em formar uma banda. A coisa ia deslanchar quando King Oliver lhe deu espaço no Cotton Club, em Nova Iorque, nos anos 30.
Nos próximos quinze anos, o grande maestro (e compositor) iria florescer, e ele entraria num circuito comercial que culminaria na Era do Swing. Contudo, o atavismo "erudito" de Ellington era forte e, depois de chegar ao Carnegie Hall, Duke começou a compor de forma mais acurada e elaborada que o jazz comercial que tocava nas rádios.
Ao mesmo tempo, ele conheceu alguém que iria influenciar sua música, e seu nome era Billy Strayhorn, um pequeno grande gênio musical, que ao mesmo tempo em que o estimulava a criar peças maiores que o formato de 78 rotações permitia, lhe permitiu que transformasse a própria forma comercial do jazz que ele produzia.
O maior sucesso da dupla saria Take the "A" Train. Curioso é que Strayhorn compôs a peça e a jogou no lixo, achando que o aranjo era cópia de Fletcher Handerson (de quem Billy era fã incondicional). Mercer, filho de Duke, pegou o manuscrito e resolveu investir nele — e deu certo.
A história é que Strayhorn pegava sempre o trem A que ia do Brooklin até o Harlem, onde ele trabalhava com Ellington. Tanto o ritmo da viagem quanto o arranjo para sopros de Fletcher inspiraram Billy para Take The "A" Train, que misturava a sofisticação da música sinfônica num formato simples e comercial — típico das músicas estilo "swing" que faziam sucesso na época.
Com o tempo, ela ganhou letra, e sobreviveu á própria extinção da Era do Swing. Primeiro, com o lockout musical da II Guerra Mundial (gravadoras não podiam mais prensar discos por um breve e crucial período, nos anos 40), a falta de mão-de-obra (músicos eram recrutados para o front), de matéria-prima (em vez de trompetes, fabricava-se apenas armas de fogo) liquidaram com uma geração.
Depois, a guerra acabou e a alternativa do jazz virou algo ligeiramente anti-comercial e menos dançante, o Be Bop. Salões de baile acabaram, programas de rádios e Ellington saiu de cena.
Pelo menos, para compensar tantas perdas, nesse meio tempo o formato long-play surgiu e Duke põde se dedicar a fazer a um tipo de música que lhe cairia bem, que era amalgamar o jazz tradicional (que ele notabilizou) em um formato camerístico, ou seja, mais para ouvir do que para dançar.
Convidado pelo produtor da Columbia, George Avakian, Ellington compôs o álbum (de estúdio, já que o de Nweport e o Soul Call são geniais também) que eu considero a sua obra-prima: a suíte Uptown. É uma suíte em cinco partes, sendo que o mote do disco é, justamente, Take The A Train (no entanto, na edição Masterpieces (foto), ela saiu como a faixa 1). No entanto, na sua melhor versão.
A capa
Ela tem quase o formato de uma abertura (A-B-A) e é uma espécie de prelúdio ao álbum — que só não foi chamado de "conceitual" porque alguém esqueceu de catalogá-lo desta forma. Destaque para os solos memoráveis de sax de Paul Gonsalves (se Billy era o braço direito de Duke, Paul era o esquerdo).
O disco não é feito de material original — Take the 'A' Train," "The Mooche," "Perdido"), as mini-suites ("Harlem Suite," "Controversial Suite," e a "Liberian Suite") foram publicadas muito antes do lançamento de Uptown, em 1953. E "Skin Deep" é uma versão de Louis Bellison, percussionista de Duke. As quatro danças que constam no relançamento são bônus tracks.
1 — Skin Deep
2 — The Mooche
3 — Take the "A" Train
4 — A Tone Parallel to Harlem (The Harlem Suite)
5 — Perdido
Duke Ellington — Uptown
Saxofones: Paul Gonsalves, Harry Carney, Jimmy Hamilton, Russell Procope, Hilton Jefferson
Trompetes: William Anderson, Clark Terry, Willie Cook, Ray Nance
Trombones: Juan Tizol, Quentin Jackson, Britt Woodman
Bateria: Louis Bellson
Contrabaixo: Wendell Marshall
Piano: Billy Strayhorn, & Duke Ellington
Vocal (em Take The "A" Train: Betty Roche.
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