quinta-feira, 26 de maio de 2011

Swing Easy!


A Capa

Frank Sinatra começou a sua segunda fase "fonográfica" quando foi contratado pela Capitol Records, em 1953.

Dois anos antes, ele havia sido excluído do cast da Columbia, o selo que representou a fase em que o Old Blue Eyes largou a saia de Tommy Doorsey e se transformou no número um, desbancando o maior de todos, Bing Crosby.

Mais do que isso, Frank deixou de ser um crooner e a sua própria popularidade pelos anos 40 afora transformou a imagem do intérprete, de crooner - que sempre era o cantor da orquestra, para a de artista principal. Depois de Sinatra, a orquestra vinha depois.

O segundo passo se deu à duras penas, e também coincidiu com outra revolução: depois de amargar a rejeição da Columbia e a das suas fãs, que já não se interessavam por aquele trintão, deu a volta por cima (como dizem as más línguas, com a ajuda da Máfia) e, depois do Oscar com From Here to Eternity, ele saiu do seu incômodo ostracismo e ingressou na recém fundada Capitol.

E a revolução? Junto com a Capitol, nascia a cultura do long-play. Antes, os discos eram lançados em compactos em 78 rotações. A nova tecnologia permitia que um artista pudesse ser melhor explorado num disco com duração maior, e com uma rescolta maior de canções. Qual cantor seria o apropriado para dar esse passo a frente?

O novo Frank Sinatra soergueu-se das cinzas para o estrelato sob os auspícios de um selo novo e que pensava grande. Na época da Columbia, ele chegou a ter seus sucessos lançados em elepê. Porém, eram apenas um feixe de músicas sem um sentido aparente.

O objetivo da Capitol com Frankie era lançar uma série de discos temáticos. Ou seja, não era apenas um hit singles pack, mas um álbum com uma proposta, com uma idéia particular. Algo que poderíamos chamar de proto-disco conceitual, algo que seria depois comum no jazz e no rock, gêneros musicais que, respectivamente e à sua maneira, iam levar esse paradigma ao esgotamento - ou quase.

Swing Easy é o segundo da extensa série de discos temáticos da Capitol, interpretados por Sinatra. No entanto, este lançamento de 53 ainda é em 10 polegadas, compreendendo pouco menos de quinze minutos.

Mas o embrião da proposta do long-play já estava evidente: capa, seleção de músicas e a excelente produção à cargo de Nelson Riddle, que faria época na gravadora, assim como Gordon Jankins e outros, também participando de discos como os de Peggy Lee, Nat King Cole e outros, transformando a Capitol num modelo de apuro e de bom gosto musical.


Tudo isso, claro, era a moldura ideal para que a voz de Sinatra fosse colocada e registrada, com a nova tecnologia "high fidelity", ele canta standards que já faziam parte de seu repertório, como I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter, Jeepers Creepers, Just One of Those Things e Taking a Chance on Love.

Contudo, é incrível notar a diferença das novas versões das da Columbia: num período de uma década, aqueles fonogramas da CBS, ao serem ouvidos hoje, soam muito mais datados do que os da Capitol. Pelo contrário, não só os arranjos de Riddle deram novo lume as antigas criações de Vernon Duke, Cole Porter, Johnny Mercer e companhia, quanto se tornariam quase que um paradigma pelas eras seguintes.

Os discos de Sinatra tinham todo um appeal comercialóide, porém, sem o saber, aquela gente estava escrevendo, compondo e musicando um pequeno grande episódio da história da música ocidental. Aqueles vinte e poucos velhos discos do Sinatra pela Capitol ainda constituem uma grande e agradável novidade.


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