domingo, 27 de fevereiro de 2011

Hollies' Beat Group!


A Capa

Os Hollies — pelo menos aqui no Brasil — acabaram ficando conhecidos como uma banda de singles. Claro que, como no caso da maioria das bandas de rock inglês do começo dos anos 60, muitas delas acabaram restritas a alguns poucos sucessos; algumas acabaram tendo curta duração, ou outras, de fato, investiam principalmente em singles.

Não é o caso do quinteto britânico que, ao todo, somam vinte e dois álbuns oficiais de estúdio. A despeito de relançamentos feitos por selos especializados em raridades dos sixties (como a See For Miles e a Beat Goes On), quase todos esses discos estão esgotados.

Isso sem contar no Brasil: aqui alguns de seus discos foram lançados — como o Stay e o The Hollies Style — mas, depois do advento do Compact Disc, a subsidiária da banda aqui, a EMI-Odeon, se interessou apenas em pôr no mercado coletâneas.

Por conta disso, muito do material de álbum deles é desconhecida. Além disso, não existe critério para a seleção dos fonogramas; dessa forma, nos mesmos discos, são dispostos, de forma anacrônica, faixas de várias fases da banda — como Just One Look e He Ain’t Heavy, He’s My Brother.

Aliás, se formos comparar todos os Besf Of que saíram por aqui, vamos chegar a conclusão que quase todas as seleções são iguais. Ou seja, tirando uma ou outra música, vamos encontrar sempre as mesmas: Look Trough Any Window, On a Carrousel, King Midas In Reverse, Bus Stop, Stay, Just One Look. E por aí vai.
Claro que eu sou muito seletivo com relação à discografia dos Hollies. Por exemplo, tenho lá as minhas restrições no tocante à fase posterior à saída do Graham Nash da banda...

Mas se nos debruçarmos na fase 63-66, pelo menos a fase beat-boom, apesar do fato de que eles eram, com efeito, uma banda de covers (exceto as creditadas como Ransford que, na verdade, são composições coletivas dos Hollies), os discos Stay with the Hollies, In The Hollies Style, Hollies 65, Would You Believe?, For Certain Because, Evolution e o Butterfly, eu os considero todos collector’ items.

O disco que eu considero o ponto de mutação do estilo da dos Hollies (Eric Haydock, Tony Hicks, Allan Clarke, Graham Nash e Bobby Elliott) é o quarto trabalho do quinteto, o Would You Believe. Aqui, eu escolhei destacar a versão norte-americana do disco, chamado Hollies Beat Group!

Lançado em 1966, como ocorria com os discos da maioria dos artistas britânicos que, então infestavam as paradas de sucesso ianques, ele teve título, capa e seleção de faixas diversa da versão britânica. Muitas das sobras do Would You Believe iriam aparecer no lançamento seguinte (americano), Bus Stop.



Ao contrário dos primeiros álbuns, que giram em torno de covers ligeiramente “desgastados” (muitas bandas já os possuíam em seus respectivos repertórios), aqui eles passam a investir numa sonoridade própria. E o Beat Group! mantém um nível excelente em todas as faixas.

Take Your Time, por exemplo, vai para o lado do folk-rock de Simon and Garfunkel. Um ar pré-psicodélico perpassa Oriental Sadness (gravada aqui pelos Brasas) e Fifi the Flea).

O proto-folk reaparece em Running Through The Night (que, na Inglaterra, saiu em single). Sem contar a stoniana I Take What I Want, que deveria constar em qualquer coletânea dos Hollies (e injustamente não conta, para a gente ver que a despeito de serem seleções The Best Of, como todas, elas são pra lá de arbitrárias) e a mais conhecida de todas, a linda I Can’t Let Go, escrita por Chip Taylor (o irmão do Jon Voight e aquele de Wild Thing), um clássico da banda.

Falando em covers, o Beat Group! tem uma versão curiosa (e que só saiu aqui) para A Taste Oh Honey. Detalhe: o arranjo é uma cópia muito descarada e engraçada do Herb Alpert & Tijuana Brass. E sem contar a interessante versão dos Hollies para That's How Strong My Love Is, de Otis Redding.


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