domingo, 25 de abril de 2010

Will the Circle Be Unbroken


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O Country nasceu do Hillibily, um gênero que floresceu no sul dos Estados Unidos e na região dos Apalaches, e tinha raízes folclóricas.

Apesar das primeiras gravações surgirem só nos anos 20, ele só se tornou popular na era do rádio, principalmente com o advento do maior programa radiofônico do estilo, Grande Ole Opry, líder de audiência transmitido pela WSM-AM de Nashville desde 1925 até os dias de hoje, e foi responsável pela mitificação de grandes nomes do country, principalmente os pioneiros, como Jimmie Rodgers, Roy Acuff, a Família Carter e, é claro, o maior de todos, Hank Williams.

Com a aparição do rock e o rockabilly (que era um country misturado com boogie woogie e mais percussão, algo que o country abominava), o gênero perdeu o seu público jovem e, em Nashville, gente como Owen Bradley e Chet Atkins, junto com a Columbia e a Victor, decidiram investir maioridade ao estilo, deixando o country mais classudo e menos "caipirizado", com a escolha de cantores de qualidade (como Don Gibson e Jim Reeves, por exemplo) e aranjos idem — era o Nashville Sound.

Esse estilo teve o seu auge no fim dos anos 50 e começo, e começou a decair quando começou a se regionalizar e perder cada vez mais espaço para o rock ianque que, a partir dos anos 60, passou a capitalizar muitos de seus elementos.

Um exemplo é Elvis Presley, que tinha os Jordinaires como backing group, o mesmo que acompanhava a rainha do country, Patsy Cline, e utilizou muitos elementos do Nashville Sound em sua música. A partir do fim dos anos 60, o rock deglutiu o country: bandas como o Grateful Dead, os Allman Brothers, os Byrds, Flying Burrito Brothers criaram o country-rock, à medida outros músicos, como Willie Nelson, Dolly Parton, Loretta Lynn, Linda Ronstadt, Gram Parsons, Clarence White e Emmilou Harris, que popularizavam o country fora do cânone de Nashville, num sub-gênero intitulado outlaw country.

Nessa época, na Califórnia, na esteira do Dead e dos Byrds, surgiu o The Nitty Gritty Dirt Band. Inicialmente uma jugband (espécie de ensamble de folk e bluegrass mais “roots”, com instrumentos rústicos, misturando violões e mandolins com reco-recos de tábuas de lavar roupa e contrabaixos feitos de baldes e vassouras, vasos de barro como instrumentos de sopro, dando um certo ar humorístico à apresentação desses conjuntos), eles seguiram o caminho da banda de Roger McGuinn no disco Sweetheart Of The Rodeo no sentido de empreender uma pesquisa histórica das raízes do country.

Contudo, ao contrário daqueles, a Nitty Gritty Dirt Band decidiu dar cabo desse desafio: além de tentar contar a história do gênero mais popular da América, eles resolveram juntar o pessoal da antiga com a nova geração, no disco Will the Circle Be Unbroken. Concebido como álbum triplo, ele pode ser comparado em magnitude ao Anthology of American Folk Music.

A diferença é que, em vez de ser uma mera compilação, a Nitty Gritty juntou toda aquele pessoal que estava esquecido pelo tempo e os convidou para uma sessão histórica. Reuniram dinossauros do country, como Roy Acuff, Doc Watson, Earl Scruggs (que é um, senão o maior tocador de banjo da história do bluegrass americano), Vassar Clement, Jimmy Martin e a matricarca do gênero e exímila violonista, Maybelle Carter, a histórica remanescente da primeira dentição da Família Carter que, naquela época, ainda aparecia no programa de Johnny Cash (Mãe Maybelle era a sogrona de Cash, que era casado com June e irmã de Helen).

O improvisado (as sessões foram gravadas ao vivo, em tomadas únicas e praticamente sem mixagens posteriores) encontro dos cabeludos da Costa Oeste americana do Nitty Gritty Dirt Band coma Velha Guarda do country foi um sucesso. A regravação do clássico de Hank Williams, I Saw The Light chegou às paradas, Will the Circle Be Unbroken concorreu ao Grammy de disco do ano, o veterano Clement se tornou celebridade depois de anos de quase anonimato e Nitty Gritty foi convidado para realizar uma turnê pelo Extremo Oriente.

Além de I Saw The Light, Will the Circle Be Unbroken revisita décadas de country, indo de canções “contemporâneas” como Both Sides Now (de Joni Mitchell), interpretado por Randy Scruggs, e passando por clássicos de Hank Williams, como Honky Tonk Blues, a lenda do fingerpiking, Merle Travis, com a sua Dark as Dungeon (que foi regravado por Johnny Cash no At The Folsom Prision), cantado por próprio autor, Orange Blossom Special, Keep On The Sunny Side, Lost Highway, I Am a Piligrim (também gravado pelos Byrds) e, como não poderia deixar de ser, o maior sucesso da Família Carter, Wildwood Flower, cantado pela Mãe Maybelle. Em 1989, Will the Circle Be Unbroken ganharia uma continuação.


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Um comentário:

Anônimo disse...

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