Mostrando postagens com marcador Bluegrass. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bluegrass. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 27 de abril de 2010

A Fantástica Fábrica do Creedence


Capa



Como poucos do gênero, o Creedence Clearwater Revival pegou a fórmula
simples de recriar velhos clássicos do R&B e do rock tradicional na rascante vez de John Fogerty e emoldurado com um instrumental eficiente dele — com sua Rickembaker Capri — e Tom, seu irmão, Stu Cook, (no baixo) e Doug Clifford (na bateria), rendeu sete discos interessantíssimos (embora muitos erroneamente, e põe erroneamente nisso, os considerem uma banda de duas coletâneas, embora isso se explique pelo fato que o CCR era uma eficiente banda de singles).

Difícil destacar qual seria o melhor, porém o mais significativo, quando o grupo estava em seu auge (cinco discos em dois anos e três compactos entre os cinco mais vendidos) e, naturalmente, no topo de sua popularidade em Cosmo’s Factory.

O álbum flagra o momento em que o CCR, mesmo repetindo a esse puída e vetusta fórmula, obtém a excelência de passar a limpo o próprio som de forma enxuta. O título se explica: Doug, que era interessado em astronomia, havia ganho o apelido e, por ser um trabalhador incansável na banda, virou o capitão de indústria da maior fábrica de sucessos dos anos 60.

Só Cosmo’s tem, entre tantos covers e originais, I Heard It Trough The Grapevine, Up Around The Bend, As Long I Can See The Light, uma das suas mais belas criações, como lado B de Travelin’ Band, que lembra de perto o Little Richard dos tempos da Vee-Jay. Também clássicos de Bo Diddley (Before You Accuse Me), Arthur Crudup (My Baby Left Me, que é parecida com That’s Allright Mama por que são ambas do mesmo autor) e Roy Orbison das antigas (Ooby Dooby), um libelo contra a Guerra do Vietnã (Run Trough the Jungle, tema recorrente nas letras de Fogerty, aliás, como em Fortunate Son e Who’ll Stop The Rain com a frase “cinco anos de planos e novos acordos presos em correntes douradas) e crítica social em Rumble Tumble (“policiais nas ruas, lixo na calçada e atores na Casa Branca”).

Mas como infelizmente tudo o que sobe tem que descer, Cosmo’s Factory também marca o começo do fim, quando John Fogerty, à medida em que amplia o seu trabalho de estúdio como arranjador e multi-instrumentista e de produção, começa a dominar os negócios da banda, gerando constantes tensões entre ele e os demais integrantes, mas principalmente entre ele e Tom, que ameaçava sair do CCR o tempo todo.



Link nos comentários.

domingo, 25 de abril de 2010

Will the Circle Be Unbroken


Capa

O Country nasceu do Hillibily, um gênero que floresceu no sul dos Estados Unidos e na região dos Apalaches, e tinha raízes folclóricas.

Apesar das primeiras gravações surgirem só nos anos 20, ele só se tornou popular na era do rádio, principalmente com o advento do maior programa radiofônico do estilo, Grande Ole Opry, líder de audiência transmitido pela WSM-AM de Nashville desde 1925 até os dias de hoje, e foi responsável pela mitificação de grandes nomes do country, principalmente os pioneiros, como Jimmie Rodgers, Roy Acuff, a Família Carter e, é claro, o maior de todos, Hank Williams.

Com a aparição do rock e o rockabilly (que era um country misturado com boogie woogie e mais percussão, algo que o country abominava), o gênero perdeu o seu público jovem e, em Nashville, gente como Owen Bradley e Chet Atkins, junto com a Columbia e a Victor, decidiram investir maioridade ao estilo, deixando o country mais classudo e menos "caipirizado", com a escolha de cantores de qualidade (como Don Gibson e Jim Reeves, por exemplo) e aranjos idem — era o Nashville Sound.

Esse estilo teve o seu auge no fim dos anos 50 e começo, e começou a decair quando começou a se regionalizar e perder cada vez mais espaço para o rock ianque que, a partir dos anos 60, passou a capitalizar muitos de seus elementos.

Um exemplo é Elvis Presley, que tinha os Jordinaires como backing group, o mesmo que acompanhava a rainha do country, Patsy Cline, e utilizou muitos elementos do Nashville Sound em sua música. A partir do fim dos anos 60, o rock deglutiu o country: bandas como o Grateful Dead, os Allman Brothers, os Byrds, Flying Burrito Brothers criaram o country-rock, à medida outros músicos, como Willie Nelson, Dolly Parton, Loretta Lynn, Linda Ronstadt, Gram Parsons, Clarence White e Emmilou Harris, que popularizavam o country fora do cânone de Nashville, num sub-gênero intitulado outlaw country.

Nessa época, na Califórnia, na esteira do Dead e dos Byrds, surgiu o The Nitty Gritty Dirt Band. Inicialmente uma jugband (espécie de ensamble de folk e bluegrass mais “roots”, com instrumentos rústicos, misturando violões e mandolins com reco-recos de tábuas de lavar roupa e contrabaixos feitos de baldes e vassouras, vasos de barro como instrumentos de sopro, dando um certo ar humorístico à apresentação desses conjuntos), eles seguiram o caminho da banda de Roger McGuinn no disco Sweetheart Of The Rodeo no sentido de empreender uma pesquisa histórica das raízes do country.

Contudo, ao contrário daqueles, a Nitty Gritty Dirt Band decidiu dar cabo desse desafio: além de tentar contar a história do gênero mais popular da América, eles resolveram juntar o pessoal da antiga com a nova geração, no disco Will the Circle Be Unbroken. Concebido como álbum triplo, ele pode ser comparado em magnitude ao Anthology of American Folk Music.

A diferença é que, em vez de ser uma mera compilação, a Nitty Gritty juntou toda aquele pessoal que estava esquecido pelo tempo e os convidou para uma sessão histórica. Reuniram dinossauros do country, como Roy Acuff, Doc Watson, Earl Scruggs (que é um, senão o maior tocador de banjo da história do bluegrass americano), Vassar Clement, Jimmy Martin e a matricarca do gênero e exímila violonista, Maybelle Carter, a histórica remanescente da primeira dentição da Família Carter que, naquela época, ainda aparecia no programa de Johnny Cash (Mãe Maybelle era a sogrona de Cash, que era casado com June e irmã de Helen).

O improvisado (as sessões foram gravadas ao vivo, em tomadas únicas e praticamente sem mixagens posteriores) encontro dos cabeludos da Costa Oeste americana do Nitty Gritty Dirt Band coma Velha Guarda do country foi um sucesso. A regravação do clássico de Hank Williams, I Saw The Light chegou às paradas, Will the Circle Be Unbroken concorreu ao Grammy de disco do ano, o veterano Clement se tornou celebridade depois de anos de quase anonimato e Nitty Gritty foi convidado para realizar uma turnê pelo Extremo Oriente.

Além de I Saw The Light, Will the Circle Be Unbroken revisita décadas de country, indo de canções “contemporâneas” como Both Sides Now (de Joni Mitchell), interpretado por Randy Scruggs, e passando por clássicos de Hank Williams, como Honky Tonk Blues, a lenda do fingerpiking, Merle Travis, com a sua Dark as Dungeon (que foi regravado por Johnny Cash no At The Folsom Prision), cantado por próprio autor, Orange Blossom Special, Keep On The Sunny Side, Lost Highway, I Am a Piligrim (também gravado pelos Byrds) e, como não poderia deixar de ser, o maior sucesso da Família Carter, Wildwood Flower, cantado pela Mãe Maybelle. Em 1989, Will the Circle Be Unbroken ganharia uma continuação.


Link nos comentários

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O último vôo folk


A capa


Os Byrds são uma banda cultuada entre os ouvintes de rock em geral, mas a maioria das pessoas conhece apenas a primeira fase do quinteto, como Mr Tambourine Man e o Turn, Turn, Turn!

O problema é que, devido a problemas de compatibilidade musical, duelo de egos e brigas, o conjunto foi mudando de formação a cada elepê, até o ponto em que o único remanescente dos áureos tempos dos Byrds no último trabalho da banda, Farther Along, era o proprio Roger McGinn.

Gene Clark saiu em 1966 porque tinha medo de avião. David Crosby foi demitido em 67 por Mcginn porque ele resolveu dar um discurso aloprado em Monterey e ainda deu uma canja no Buffalo Springfield no festival. Clarence White, um dos guitarristasd mais subestimados do mundo, acabou se tornando membro efetivo após trabalhar com os Byrds como guitarista de estúdio.

Mais tarde, Gram Parsons integraria a banda e mudaria o estilo do folk rock para o country e o bluegrass (White também vinha da mesma escola). Na nova formação, eles lançariam o clássico Sweetheart Of The Rodeo. Depois Gram seria demitido (McGinn vivia demitindo membros da conjunto)e, com Chris Hillman (que sairia também), fundaria o Flying Burrito Brothers. Clarence permaneceu e, com Roger, criou cinco álbuns muito bons, Dr. Byrds & Mr. Hyde, Ballad of Easy Rider , o duplo(Untitled), Byrdmaniax e o canto do cisne (ou seria pássaro), Farther Along.

Um parêntese: ainda com contrato com a CBS, McGinn resolveu surprenedentemente topar um retorno meio WTF com os membros originais, dessa vez reunidos como um supergrupo, para fecharem de vez o boteco com uma saideira, Byrds, de 73, que eu particularmente acho muito Crosby, Stills, Nash. O álbum não é ruim, muito pelo contrário, mas sempre achei meio absurdo essa reunião — eu ouço o disco, mas é como se não fossem os Byrds. Sem falar na puxada no tapete dos então membros atuais do grupo.

Até porque, muito tempo passou e todos desenvolveram carreiras-solo bastante distintas e peculiares, e além do mais, parcia mais um golpe publicitário para alavancar a recém criada Asylum que, depois de contratá-los, tentou contratar Bob Dylan, e conseguiu, por três discos (depois ele retornaria à Columbia).


Farther Along
, mesmo que não traga os músicos que notabilizaram o quinteto mundialmente, é mais sincero, repara derrapagens na pós-produção do Byrdmaniax e fecha a discografia deles com estilo. É um tiro curto, sem mixagens ou as orquestrações que descaracterizaram a música deles, no disco anterior.

Mais para entonizar uma tendência que estava acontecendo com eles e que parecia irresistível, os Byrds iam cada vez mal nas paradas. O último trabalho deles simplesmente não charteou nem nos Estados Unidos, nem na Inglaterra — onde ele, aliás, foi gravado, durante uma turnê britânica.

A banda agora estava reduzida a um quarteto, Clarence, Roger, Skip Battin e Gene Parsons. McGinn insistiu que as músicas de trabalho fossem America's Great National Pastime e Tiffany Queen, mas as canções mais interessantes do disco são a que dá nome ao álbum, Farther Along, um hino gospel que ficou belíssima no arranjo de White, que canta Bugler, a história de um sujeito que perde o seu melhor amigo de quatro patas. Bugler é simples e comovente, e vale o disco.




Link nos comentários.