domingo, 6 de junho de 2010

O Maior Show de Rock


At Fillmore East só no nome:
a foto foi tirada em outro lugar


Contratado como guitarrista freelancer pelo mítico estúdio Muscle Shoals, no Alabama, Duane Allman, então trabalhando lá como músico de apoio (um “pé de boi”, vamos dizer assim) foi destacado para viajar até Nova Iorque, em janeiro de 1969, para participar de uma sessão de gravação com a cantora Aretha Franklin. Lá, junto com o baixista Jimmy Johnson, ele assistiu a uma apresentação meteórica de Johnny Winter.

Na platéia, ele prometeu ao amigo:

— Em um ano, eu vou estar tocando aqui.

Proféticass palavas: nesse meio tempo, ele voltou ao Alabama, e teve a chance de formar uma nova banda (a anterior, Hour Glass, não deu muito certo).

Chamou seu irmão Gregg, mais Barry Oakley, Dickey Betts e Dickey Betts e Jai Joghanson e formou a The Allman Brothers.

Em novembro daquele no, se lançavam em disco. O segundo, de 1970, apenas conformou o que o primeiro já mostrava: uma banda de blues-rock versátil e completa, sem contar a própria sombra do talendo do auto-didata Duane, por muitos considerado o segundo maior guitarrista da história (atrás naturalmente apenas de Jimi Hendrix no gênero e pau a pau com Winter, por exemplo).

Conforme Duane vaticinara em dezembro de 1969 ele tocou com a banda no Fillmore East. Porém, a apresentação mais notável do sexteto ocorreu em março de 1971, e que se tornaria o mais aclamado disco deles, At The Fillmore East.

Partindo da concepção do blues, eles conseguiram transcender o gênero que os fixou, além de mostrarem, da forma mais exuberante, um dos maiores shows de rock de todos os tempos. A introdução que Duane faz de Statesboro Blues, cover de Blind Willie McTell é de arrepiar e explica porque Clapton fez questão de coloca-lo no Derek And The Dominos.



Whipping Post, a faixa que originalmente encerra o disco de estréia da banda, passa de cinco minutos em estúdio para uma versão éíca de mais de vinte minutos que, no entanto, não se vê o tempo passar, em suas variações de tempo e sucessões de artes de baixo, guitarra e Hammond (tocada por Gregg), que vai do blues-rock elementar ao cúmulo do progressivo, emoldurados pelo tempo delirante que Barry e Betts fazem com o contrabaixo e a bateria, numa performance delirante e assustadoramente genial.

In Memory Of Elizabeth Reed, também com a sua variação de tempos, por sua vez vai para os lados do rock latino de Carlos Santana, com uma linguagem deliciosamente jazzificada, onde prepassam os solos de Duane e Betts, o autor da música, que saiu originalmente no Idlewild South.

A guitarra de Duane viaja num solo extenso e livre, que depois é interseccionado por Gregg no órgão, lembrando vagamente a versão de My Favourite Things interpretada por John Coltrane, uma década antes.

A mesma estrutura coltraneana guitarra-teclado-guitarra eles usam em Hot Lanta, a primeira faixa do álbum. A versão de palco de In Memory Of Elizabeth Reed é tão acachapante que a platéia fica muda quando a banda encerra o tema, abruptamente.

Nunca o Fillmore East havia visto nada igual — e isso que o próprio Jimi Hendrix havia tocado lá no Ano Novo de 1969, com a Band Of Gypsies (e que também virou disco). E os dois shows que compõem At The Fillmore East, gravados dias 12 e 13 de março, seriam os últimos daquele templo do rock nova iorquino.

Em junho, ele fecharia suas portas (pelo menos, em grande estilo). At The Fillmore East também seria o canto do cisne de Duane Allman, que partiria seis meses depois do seu lançamento.





Link nos comentários

Um comentário:

Anônimo disse...

http://www.megaupload.com/?d=M0B37KL5