sábado, 29 de maio de 2010

Vivos e Mortos



O Grateful Dead tem até hoje um bando de fãs lunáticos cuja peculiar característica que os une é o fato de assistir a todos os shows que eles sempre fizeram, quase desde o começo: são os Deadheads.

Antes dessa legião de admiradores nascer, no fim dos anos 60, a banda, embora não fosse um conjunto com a mesma notoriedade dos demais psicodélicas do circuito de São Francisco, em 1967 eles eram os reis da cena alternativa de Haight-Ashbury, a esquina daquela cidade que, na época do chamado “Verão do Amor”, em 1967, que ponto mais cool da cidade, atraindo hippies de todas as partes.

No começo, eles não passavam de uma discreta jug band (aqueles conjuntos simpáticos e caipiras que faziam um folk rural bem humorado, com banjos, mandolins, reco-recos em tábuas de passar, contrabaixos de balde e sopro em vasos de barro) que resolveu eletrificar seu som depois do sucesso dos Beatles. Mas a questão é que os Deadheads não são fanáticos à toa: o melhor do som do Grateful Dead estava nos palcos, e era isso o que os diferenciava das outras bandas.

Enquanto elas ensaiavam em estúdios para realizar uma perfomance impecável, o Dead não: eles ensaiavam ao vivo. Era o espaço deles. Tanto que a trupe de Jerry Garcia até então não vendia discos tão bem como as demais, mas seus shows estavam sempre com gente até no lustre.

E o Live/Dead é o primeiro registro sonoro dessa experiência musical, e foi uma exceção, ele foi o primeiro grande êxito comercial deles, consolidando o seu sucesso, a partir de Workingsman’s Dead.

E o som que eles faziam ia muito além de uma jug band tradicional. Era uma geléia geral de tudo o que fosse possível meter num sofisticado caldeirão sonoro que ia do bluegrass ao space rock.

O álbum é resultado de gravações de dois shows registrados em 1969 num estúdio móvel improvisado de 16 canais.

E como o repertório não era muito grande, eles souberam aprimorar cada vez mais aquele mesmo conjunto de canções. Tanto que cada execução ao vivo como medley de "Dark Star" (que, no começo, quando saiu em compacto, em 1968, tinha só dois minutos mas, ao vivo, ia dos vinte e três minutos aos quarenta!), "St. Stephen" e"The Eleven" geralmente chegava a mais de quarenta minutos de música e muita piração, um amálgama de folk tradicional jazz e space rock.

Como eles improvisavam toda santa vez que empunhavam uma guitarra, cada show era sempre uma experiência única, pessoal e intransferível, como se um ordinário deadhead estivesse viajando longe, como num festival wagneriano.


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Um comentário:

Anônimo disse...

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