sábado, 1 de maio de 2010
Don't You Just Know It?
Huey "Piano" Smith
Huey Lewis é um pianista que está ligado á tradição do swing e do boogie típico de New Orleans, de onde surgitam músicos como Meade Lux Lewis, Earl King e Fats Domino, e que acabaram fazendo grande sucesso nas paradas de R&B americanas a partir dos anos 50. Uma característica fundamental desse gênero singular era o humor incluso e um escrache que transcendia a sisudez da América daquele tempo que, via de regra, aceitou o assalto musical do rock'n roll com algumas (sérias) restrições.
Lewis cedo criou uma banda, os Clowns: o conjunto, por sua vez, tinha uma picardia e um deboche que ia das letras non-sense ao visual — especialente do vocalista (e transformista) Bobby Marchan, que se vestia de mulher e cantava em falsete.
Para aqueles anos bafejados pela caça às bruxas do Senado norte-americano, não havia, junto com outros malucos que apareciam nas paradas de sucesso, como o excêntrico Esquerita (da mesma estirpe dos Clowns, e que influenciou Little Richard), não havia nada mais escandaloso e engraçadamente subversivo.
Em 1957, Huey assinou com a Ace Records e apareceu na Billboard R&B com Rockin' Pneumonia and the Boogie Woogie Flu. As músicas dos Clowns, a despeito de serem potemcialmente canções de sucesso, no entanto, assim como a contecia com quase todos os artistas negros de Ryhthm And Blues e rock da época, sofriam sérias e ridículas restrições por parte das emissoras de rádio. Elas sempre davam a primazia à cantores brancos, em detrimentos dos negros.
Isso era comum, por exemplo, com o citado Little Richard, ele viu muitos de seus sucessos estourarem na voz de cantores brancos, como Elvis e Pat Boone — esse seu copiador implacável. Pois entre 1857 e 1960, o período áureo do rock nascente, os Clowns lançaram uma série de 78 rotações originalíssimos e excelentes, mas que passaram quase despercebidos.
A exceção, como se sabe, é do compacto Don't You Just Know It/High Blood Pressure, de 1958 que, contra tudo e contra todos, chegou ao nono lugar no Top Ten da Billboard.
Foi o maior sucesso de Huey Lewis (depois regravado pelos Sonics e pelo Sha-Na-Na), e o tema que formou a sua reputação como um dos grandes nomes do R&B nummomento histórico em que o gênero ainda se firmava. Aliás, muito do próprio escrache dos Clows era uma forma indisfarçada de chamar a atenção: o único jeito de sacudir as estruturas era incomodar a tradicional família ianque.
Ou não: no ano seguinte, Huey compôs Sea Cruise. A Ace, contudo, sabendo da restrição das rádios à artistas negros, recrutou um branquelo, Frankie Ford, para cantar o número. Smith teve que se contentar em participar da gravação como músico de estúdio. Não pôde nada fazer; Sea Cruise acabou virando sucesso nos Estados Unidos, de costa a costa.
Em 1960, Merchan saiu dos Clowns, após conseguir sucesso com There Is Something on Your Mind, partindo para uma obscura carreira solo. Huey recrutou um casal de cantores — Gerry Hall e Curley Moore, e trocou a Ace pela Imperial, por sugestão de Fats Domino. Voltaria ainda ao seu antigo selo para emplacar um último single, Pop-Eye (não como intérprete, porém, como no caso de Sea Cruise), em 1962.
Nos anos seguintes, Smith tocaria como músico de estúdio, enquanto tentava em vão reformular os Clowns, porém como outros nomes (The Hueys, The Pitter Pats e Shindig Smith and the Soul Shakers. Quando o gosto musical dos ouvintes mudou, pelo curso dos anos 60, Huey largou a música e virou Testemunha de Jeová. Huey Smith vive bem hoje, aos 76 anos, em Nova Orleans.
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