terça-feira, 25 de maio de 2010

Only the Lonely



Em 1958, Frank Sinatra tinha um contrato milionário com a maior gravdora americana de seu tempo e um coração partido — sua carreira deslanchara desde que ele trocou a Columbia pela Capitol, quatro anos antes, enfeixando uma série de nove álbuns memoráveis, orquestrados por gente da estirpe de Nelson Riddle e Gordon Jenkins.


Seu corção partido ficava por conta da turbulenta separação entre ele e Ava Gardner, que rendeu seis anos de brigas, traições e muitos vasos jogados pelas paredes. Sua relação havia lhe moldado o espírito para lançar o antológico In Wee Small Hours.

O disco, concebido em formato conceitual, como era comum no jazz, por exemplo, mostrou que o caminho era mais ou menos esse: lançamentos temáticos, elaborados em parceria com Voyle Gilmore, o diretor artístico do selo californiano — variando ora de discos de swing (como o Come Dance With Me!) ora de baladas românticas ou de dor de cotovelo.

Os de dor de cotovelo foram três: além do citado In Wee, Sinatra lançaria Where Are You — com versões magníficas de clássicos como Autumn Leaves, I'm a Fool to Want You (composta por ele e depois regravada pela Billie Holliday no seu Lady In Satin) e Laura, do Johnny Mercer, aliás, um dos fundadores da Capitol e compositor dos áureos tempos do Tim Pan Alley.


Sinatra e Riddle

Frankie procurou Jenkins para que ele fosse o condutor do disco. Gordon estava ocupado, então o cantor procurou novamente Riddle, o seu intrépido produtor.

O fato curioso é que, assim como Ol' Blue Eyes enfrentava problemas bizantinos em sua vida particular, Nelson tinha os seus: havia perdido esposa e filha num curto espaço de tempo. Muito de sua prostração acabou aliando-se à de Sinatra. Como nada é por acaso, do conúbio musical entre ambos, nasceu Only The Lonely.

Nelson compôs todos os aranjos, como sempre, mas pouco ou quase nada do que ele trabalhou com Frank foi lançado, já que ele fora escalado para uma turnê com Nat King Cole, colega de selo de Sinatra. Com as partituras compostas, coube à Felix Slatkin, solista de violino e regente da Capitol.



O curioso ficou por conta de uma canção, Lush Life, de Billy Strayhorn (conhecido por sua colaboração com Duke Ellington e por Take The "A" Train). Frank tentou gravá-la sem sucesso, dado a complexidade da melodia.

Pior que Johnny Hartman a gravou naquele disco com o Coltrane (altamente recomendado, por sinal), e que se tornou a versão definitiva. Outtakes da versão de Sinatra, no entanto, podem ser encontradas em bootlegs de sobras de estúdio daquelas sessões.

Destaques de Only The Lonely ficam por conta de What's New, certamente a mais conhecida dele, Where Or When, um dos arranjos mais impressionantes do disco, Ebb Tide, onde Riddle brinca nas cordas com a sugestão da letra; One for My Baby (and One More for the Road) — de Harold Arlen and Johnny Mercer, clássica na voz de Fred Astaire, do musical O Céu é o Limite — principalmente pela cena do bar, onde, no filme, ele flana seu vôo ébrio sob o balcão do bar. Frankie já havia gravado One For My Baby na época da Columbia, e a incluiria no repertório do seu primeiro disco ao vivo, At The Sands, já na Reprise.

Only The Lonely
chegou ao primeiro lugar na Billboard Pop e foi nomeado para a primeira edição do Grammy, em 1959. Contudo, o álbum ganhou apenas o de melhor capa, que mostra um Sinatra pintado de arlequim, estilo commedia dell'arte.

In Wee Small Hours é certamente o mais lembrado no estilo dor de cotovelo da fase Capitol. Contudo, sempre que indagado sobre qual foi o seu melhor trabalho do gênero na Capitol, Sinatra sempre citava Only The Lonely.



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Um comentário:

Anônimo disse...

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