segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Canto do Cisne de Morrison


L.A Woman


As portas pareciam estar se fechando para os Doors naqueles fins de 1970. Em setembro, Jim Morrison foi condenado a oito meses de cadeia por obscenidade durante um show em Miami, no ano anterior.

Depois das apresentações ao vivo em New Orleans, quando o líder do quarteto californiano resolveu surtar no palco, destruindo o microfone a pauladas e se recusando a terminar a sua performance, os demais integrantes (Robbie, Ray e John Densimore) resolveram abandonar de vez as turnês.

No começo das gravações daquele que seria o último álbum com Morrison, L A Woman, o produtor deles, Paul Rothchild — logo de partida, durante os ensaios — se desnetendeu com o tipo de música que eles queriam gravar e abandonou o projeto, e os deixou à própria sorte, sob a supervisão de Bruce Botnick.

Aliás, sob a batuta de Botnick, menos perfeccionista que Paul, eles passarama produzir de forma mais natural (alguns temas foram trabalhados e concluídos durante as sessões, como The WASP, uma singela homenagem ao então 'exilado' DJ Wolfman Jack, que transmitia desde Diudade Alcuña, no México, numa emissora de rádio que entrava rachando em quase todo o sudoeste do território americano, com seus 150 killowatts) e gravaram as faixas em tempo recorde — apenas dois meses.

Além disso, ao sentir que oclima nos estúdios da Elektra Records estavam burocráticos demais, sugeriu aos quatro para que gravassem num edifício onde eles sempre ensaiavam.

Para tanto, eles improvisaram noi local um pequeno estúdio, com uma mesa de oito canais.

Se a mesa era elementar demais, o local parecia ser menos apropriado ainda. Porém, no fim das contas, todos esses fatores contribuíram para criar uma aura inefável à L A Woman — principalmente para o detalhe: Morrison aprovou a acústica do liliputiano sanitário do escritório onde o estídio foi montado, e pediu para que puxassem os microfones para lá. Nada mais adoravelmernte tosco. E sem Paul Rothchild, eles decidiram levar à cabo uma experiência que havia sido esboçada em Morrison Hotel, que era fazer um disco de Rhythm’n Blues e Blues - com covers inspiradíssimos, como Crawling King Snake, do John Lee Hooker.

Já os teclados space rock de Manzarek mudaram ligeiramente para um piano honky-tonk e, em vez da poesia lisérgico-existencislista e palavrosa de Morrison, letras simples e concisas.

O resultado foi diverso do som característico dos Doors e, ao mesmo tempo, autêntico e convincente.

O mais curioso é que, a despeito de conter três dos maiores sucessos da banda, Love Her Madly, Riders On The Storm e L A Woman, o mais interessante no álbum são os momentos mais blues, como Been Down So Long, a citada Cars Hiss By My Window e Hyacinth House, além de mais um cover de Willie Dixon (sobra de estúdio que, no entanto, só sairia em bonus track no relançamento da Rhino, de 2001).

Um comentário:

Anônimo disse...

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