domingo, 31 de outubro de 2010

Songs From a Room


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Com suas canções sobre amor e desamor, tédio, solidão, desejo, desespero e escalpos Leonard Cohen fez parte do que se chamou de um movimento que amadureceu a temática das letras das canções pop, depois da aparição de cantores/compositores ditos “sérios”, como Bob Dylan, criando um novo modelo.



Mas, assim como o compositor de Blowin’ In The Wind, ele modelo específico parecia ir na contramão das barroquices psicodélicas que estavam em voga quando lançou o seu primeiro disco, em 1967. Em vez de coretos, guitarras ensurdecedoras e exóticos efeitos de estúdio, ele usava o disfarce do cantor folk para, ao invés de destilar protesto e ódio político contra preconceitos e injustiça social, compor letras ostensivamente subjetivas em arranjos acústicos.

Em seu segundo disco, Songs From a Room, Cohen optou por uma produção sóbria, ao contrario do seu álbum de estréia. O compositor não gostou do trabalho final, assinado por Jon Simon, que pontilhou o disco com um instrumental eficiente, mas que o autor de Sisters Of Mercy achou “pesado e sofisticado demais”.



No disco, produzido pelo produtor preferido de Johnny Cash e Dylan, Bob Johnson, (que, diga –se de passagem, porque não se intrometia no trabalho de nenhum deles) Leonard, ao contrário do primeiro trabalho, surpreende por optar por canções curtas, mas letras diretas. Contudo, manteve apenas um expediente que ele não abriu mão nos seus discos: um coro feminino.



No mais, as faixas são apenas voz e violão, emprestando um caráter muito mais intimista, dando ênfase ao seu canto lúgubre e embriagado. Em faixas como Lady Midnight, ele encontra, cinge e salva uma mulher perdida; Seems so Long Ago, Nancy seria a história real de uma canadense, Nancy Callies, que se suicidou quando seus pais exigiram que ela desse seu filho para adoção.

Porém, mais tarde, Leonard revelou que, na verdade, ela era apenas uma empregada que ele conheceu num cabaré, o que, de fato, parece ser mais convincente com a interpretação da letra; já a barroca Story Of Isaac, Cohen usa a conhecida passagem do Gênese para, no foco narrativo do filho de Abraão, descrever sua própria imolação como metáfora aos que hoje “sacrificam os seus filhos”.

Em tempos de guerra do Vietnã, podia uma inteligente e desconcertante metáfora. O resultado foi um trabalho musical e propositalmente castiço e pobre, porém marcante e sombrio ao extremo.





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Um comentário:

Anônimo disse...

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