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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Girl On a Swing


A capa




Da mesma maneira que a cena musical de Liverpool e arredores assombrou o mundo no começo de 1964, com a invasão britânica, cedo aquela manifestação cultural foi deglutida pela indústria cultural norte-americana.

Num espaço de pouco mais de dois anos, o chamado "beat boom" já havia sido suplantado pelo novo rock ianque, na mesma nedida em que a cena musical agora se insurgia na Costa Oeste norte-americana.

A primeira grande banda de San Francisco, o Beau Brummels, ainda trazia muito do rock inglês em sua música (Laugh, Laugh, 1965), não revelando de todo toda a revolução musical do Verão do Amor, dois anos depois.

De qualquer maneira, a indústria fonográfica dos Estados Unidos mal podia dar conta da quantidade gegantesca de bandas que apareciam toda semana, influenciada ou não (o que também é uma influência) pelos Beatles.

O rock inglês, baseado em covers de soul, rythym'n blues e rockabilly, acabou se dividindo em grupos de produção original e outros, que apenas viviam de covers.

À medida em que aqueles se viam, com efeito, forçados à superar a si e aos outros, por uma questão de sobrevivência - ante ao darwinismo musical em curso, estes estavam fadados ao ocaso.

Um caso exemplar é o do Gerry And The Pacemakers. Assim como os Beatles, eles viviam sob o mecenato do empresário Brian Epstein. No entanto, enquanto o conjunto de John Lennon cedo tratou de rejeitar qualquer orientação sobre sua música, tal como gravar sucessos de encomenda, coube ao grupo de Gerry Mardsen fazê-lo, não sem êxito.

Os primeiros compactos (compostos por Mitch Murray, compositor profissonal) dos Pacemakers, como previsto por Epstein, chegaram ao primeiro lugar nas paradas britânicas, sendo o estopim da revolução do beat boom na Inglaterra.

O que parece ter sido uma postura arrogante por parte dos Beatles em rejeitar essas canções, logrou ser a única alternativa. De antemão, eles sabiam que deveriam se diferenciar das dezenas da bandas de baile de Liverpool que, a rigor, tocavam todas as mesmas músicas. A sua primeira atitude foi lançar apenas canções originais em singles.

Mesmo sob o desafio de viver entre erros e acertos, eles toparam a parada; o excesso de demanda ajudou-os, e cedo os Beatles se firmaram num repertório próprio, assim como já faziam os Beach Boys, por exemplo. Essa postura do intérprete-compositor seria a base do rock dos anos 60: romper com a indústria dos compositores de gaveta.

O caso do Gerry And The Pacemakers foi o inverso: mesmo que Mardsen fosse compositor, não havai um trabalho colaborativo na banda e confrontado pelo mesmo sucesso da outra banda de Brian Epstein, cedo a fonte secou. O auge criativo da banda, cujo ápice foi o disco e o filme Ferry Cross the Mersey, também foi o fim.

Grupo de breve discografia, embora maior nos Estados Unidos (falaremos disso adiante), do quarteto restaram apenas dois álbuns. A partir do citado Ferry Cross The Mersey (e How Do You Like It, os dois lançados aqui no Brasil pela Fermata), a Columbia lançaria apenas singles e compactos-duplos, entre eles, um de covers (Rip It Up), o que mostra o impasse de publicar novas composições e outro, ao vivo (Gerry In California).

Sem material suficiente pata encher um disco, ou por outra, com material considerado de qualidade inferior (ao nível exigido pelo mercado, podemos dizer assim), a banda acabou em fins de 1966.

O mercado americano e canadense, contudo, como era de hábito, aproveitava ao máximo o material dessas bandas inglesas, tranformando compactos e EPs em enxerto para albuns de onze faixas. Foi por conta desse interesse marcadológico que, ao contrário da Columbia inglesa, o anômalo disco Girl On A Swing foi lançado na América.

A primeira parte do disco compreeende material de compacto do Gerry And the Pacemakers (La La La, You, You, You e Girl On a Swing). O resto do disco se divide em covers a la Engelbert Humperdinck, como "The Way You Look Tonight", "Strangers in The Night", "At The End Of The Rainbow" e até "Guantanamera". Canções que, como podemos verificar, não tem função nenhuma no contexto do som dos Pacemakers.

A segunda parte, por sua vez, vai de encontro ao interesse posterior do crooner da banda em se envolver com teatro e cinema. Não passam de números de vaudeville que pouco ou nada tem a ver com o rock que catapultou a banda. No Canadá, o disco foi lançado pela Laurie e, desde então, ele está fora de catálogo em vinil. Contudo9, pode ser encontrado em edições não-oficiais em CD.

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domingo, 31 de outubro de 2010

Songs From a Room


Capa


Com suas canções sobre amor e desamor, tédio, solidão, desejo, desespero e escalpos Leonard Cohen fez parte do que se chamou de um movimento que amadureceu a temática das letras das canções pop, depois da aparição de cantores/compositores ditos “sérios”, como Bob Dylan, criando um novo modelo.



Mas, assim como o compositor de Blowin’ In The Wind, ele modelo específico parecia ir na contramão das barroquices psicodélicas que estavam em voga quando lançou o seu primeiro disco, em 1967. Em vez de coretos, guitarras ensurdecedoras e exóticos efeitos de estúdio, ele usava o disfarce do cantor folk para, ao invés de destilar protesto e ódio político contra preconceitos e injustiça social, compor letras ostensivamente subjetivas em arranjos acústicos.

Em seu segundo disco, Songs From a Room, Cohen optou por uma produção sóbria, ao contrario do seu álbum de estréia. O compositor não gostou do trabalho final, assinado por Jon Simon, que pontilhou o disco com um instrumental eficiente, mas que o autor de Sisters Of Mercy achou “pesado e sofisticado demais”.



No disco, produzido pelo produtor preferido de Johnny Cash e Dylan, Bob Johnson, (que, diga –se de passagem, porque não se intrometia no trabalho de nenhum deles) Leonard, ao contrário do primeiro trabalho, surpreende por optar por canções curtas, mas letras diretas. Contudo, manteve apenas um expediente que ele não abriu mão nos seus discos: um coro feminino.



No mais, as faixas são apenas voz e violão, emprestando um caráter muito mais intimista, dando ênfase ao seu canto lúgubre e embriagado. Em faixas como Lady Midnight, ele encontra, cinge e salva uma mulher perdida; Seems so Long Ago, Nancy seria a história real de uma canadense, Nancy Callies, que se suicidou quando seus pais exigiram que ela desse seu filho para adoção.

Porém, mais tarde, Leonard revelou que, na verdade, ela era apenas uma empregada que ele conheceu num cabaré, o que, de fato, parece ser mais convincente com a interpretação da letra; já a barroca Story Of Isaac, Cohen usa a conhecida passagem do Gênese para, no foco narrativo do filho de Abraão, descrever sua própria imolação como metáfora aos que hoje “sacrificam os seus filhos”.

Em tempos de guerra do Vietnã, podia uma inteligente e desconcertante metáfora. O resultado foi um trabalho musical e propositalmente castiço e pobre, porém marcante e sombrio ao extremo.





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