segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Os 40 anos de Easy Rider




Esse é um dos discos que fez com que eu passasse a ouvir o rock sesentista do final da década — Eletric Prunes, Byrds, Hendrix, The Band, Country Joe, Canned Heat, Steppenwolf e congêneres. Ele me caiu em mãos de uma forma meio insólita: a mulher do zelador do prédio o abandonou e ele, de raiva, pôs toda a coleção de discos na lata do lixo.

Quando eu vi, não consegui acreditar. Então o porteiro me contou a história toda. Achado não é roubado, peguei o que se salvava da coleção e a trilha sonora do cult Easy Rider (foto) e que, asim como Woodstock, foi um fenômeno da contracultura (inesperado, pelos produtores, já que nenhum estúdio acreditou na produção) e que, assim como o Festival, esse ano fez 40 anos.

Quem criou a trilha foi o editor do road movie, Donn Cambern, que, enquanto trabalhava no filme, ouvia boa parte da sua coleção de discos e, ao invés de uma trilha para o longa, ele optou por uma seleção de canções da época.

Bob Dylan foi convidado a contribuir com uma faixa, It's Allright Ma (do Bringing All Back Home, de 1965), que foi utilizada na cena em que Peter Fonda (no filme, Wyatt) na cena em que ele pergunta à uma estátua da Virgem num cemitério, — como se interpelasse para sua mãe — por que ela "o abandonara".

(Parêntese: Peter não queria fazer tal cena de forma alguma, porque sua mãe, Frances Ford Seymour, havia se suicidado num sanatório. Porém, depois de muito esforço, Dennis Hooper — que queria usar a música justamente nesse momento — o convenceu a atuar).

Como Dylan não quis, Camben convidou Roger McGinn, dos Byrds, para que ele a interpretasse. Dylan apenas interviu mudando a letra, e depois a deu para Roger. Sua versão é mais rápida e mais curta do que a original, porém expressiva. McGinn também fez uma versão Ballad Of Easy Rider (mais bonita que a do álbum homônimo, de 1969) especialmente para a película.

Já os Byrds aparecem num tema, Wasn't Born To Follow (Carole King, que eles coverizaram no Notorious Byrd Brothers). A música passou batido na época do lançamento mas, em Easy Rider, virou mítica.

Dispensaria comentários citar os canadenses do Steppenwolf, que aparecem com The Pusher (na cena do tráfico), do country singer Hoyt Axton (também autor de Greenback Dollar) e com Born to Be Wild (créditos), do álbum de estréia da banda, de 1968.

O curioso é que, mesmo que no filme, The Weight apareça com a The Band, na trilha sonora, por problemas de liberação do fonograma original (a Capitol não liberou), eles optaram por colocar uma versão com o Smith (que mudou o tom original da música, de Lá para Sol Sustenido), que havia tido relativo sucesso (apenas um) com uma versão de Baby It's You, do Burt Bacharach. Na edição de luxo, lançada em CD, em 2004, a versão da The Band aparece no disco, junto com outros clássicos dos anos 60, como Get Together, Groovin e A Whiter Shade Of Pale, entre outros.

O Experience aparece com If Six was Nine, do Jimi Hendrix (do Axis: Bold As Love, de 1967), a segunda faixa do Lado B. Impressionado como resultado do filme, ele resolveu compor uma canção sobre o tema, Ezy Rider, que sairia no seu disco póstumo, Cry Of Love.

Destaque para os "coadjuvantes": he Holy Modal Rounders, um duo de folk psicodélico nova iorquino, toca If You Want To Be a Bird, do seu quarto disco, The Moray Eels Eat The Holy Modal Rounders (de 68), quando eles contavam com a participação de sam Shepard, que depois viraria ator. Fraternity of Man, com Don't Bogart Me (a expressão naturalmente remete ao hábido do Hunphrey Bogart de pendurar o cigarro na ponta dos lábios. Como os americanos criam verbo para tudo, inventaram o to bogart, que seria algo como ego´pisticamente não passar o "pito para o próximo", ou seja, fica subentendida o espírito da coisa). Nada gratuito, já que atores e produção fumaram juntos toneladas de maconha durante as filmagens...

Por último, o Kyrie Eleison é um excerto da versão psicodélica dos californianos do Eletric Prunes no quarto disco, Mass in F Minor, com coleboração com um arranjador eminentemente experimental e (portanto) pouco conhecido aqui, David Axelrod, que escreveu a partitura. O Kyrie é a abertura da missa.


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Um comentário:

Anônimo disse...

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