quinta-feira, 4 de março de 2010

Creme Batido & Outras Delícias


Dolores Erickson na capa clássica...

Sempre fui fã da música da Tijuana Brass. A época em que eu mais ouvia os discos, quase que de forma involuntária, era porque eu fiz um estágio de seis meses na rádio Educadora de Porto Alegre como operador de áudio, e como não podia deixar de ser — e como, em alguns casos, é, até hoje, muitos de seus temas eram deliberadamente utilizados como trilha ou cortina musical de programas.

Por exemplo: a rádio Itaí, nos anos 70, usava Mae, do álbum Going Places, como a trilha do programa Clube dos Namorados. As mais comuns, em geral, eram Lonely Bull, Lollipops And Roses, e, óbvio, A Taste Of Honey. Essa, que abre o maior clássico da Tijuana Brass (o mais conhecido, embora não considere o melhor), Whipped Cream And Other Delights (1965), e a mais conhecida de todas. Até quem não conhece easy listening ou ouve rádio já ouviu/conheceu.

Curioso é que eu sempre vou ligar Herb Alpert à banda de mariachi pop mais manjada do planeta, mas ele tem uma carreira como compositor considerável antes de se tornar um solista conhecido — e não como cantor, mas como compositor. Isto é, produzindo discos de música instrumental. E todos sabem que música instrumental não tem lá muito atração. Mas os operadores de áudio certamente acabaram ajudando a promovê-la. Hugo Montenegro que o diga.

Alpert é compositor, junto com Lou Adler, de Wonderful World, sucesso com Sam Cooke, em 1960 e certamente uma de suas mais notáveis interpretações. Um dia, Herb foi assistir a uma tourada em Tijuana, México, e se apaixonou por um regional de mariachi que tocou lá. De repente, veio o estalo: por que não fazer uma versão moderna desses combos mexicanos? Ele decidiu então adaptar o trompete como solista em um combo daquele tipo. Com Sol Lake, que seria responsável por boa parte das músicas da Tijuana Brass, ele compôs Lonely Bull. Um leve twist com som de fanfarra e de público, como se saudasse a entrada de um toureiro na arena.


E na de Piano Wirchcraft, de Cy Coleman

Arcou com todos os custos de produção e divulgou o compacto em diversas rádios pessoalmente. A brincadeira logrou Êxito: chegou ao sexto lugar nas paradas. Isso que ele sequer tinha ascendência hispânica — Herb é judeu e americano. Com o tempo, dois anos dpeois, ele passou a receber tanto convite para se apresentar em casa de espetáculo que teve que recrutar uma trupe de músicos. Foi quando surgiu a Tijuana Brass.

O auge chegariam em 65, quando a sua gravadora, A&M (Alpert e Moss) lançou dois discos, Going Places (que tem Mae e Mexican Shuffle) e Whipped Cream. O disco é genial. Temático, cada canção fala de um tipo de comida e é um desfile de ritmos e estilos musicais com arranjos em mariachi. A Taste Of Honey se tornaria a versão mais conhecida (junto com a dos Beatles, talvez).

Depois Lemon Tree, Bittersweet Samba (outro preferida para cortinas de rádio), e duas que são as minhas preferidas, respectivamente a segunda e a terceira do lado A, Green Peppers, do Sol Lake, e Tangerine, do Johnny Mercer. Aquela, breve e pop, com uma paradinha divertida no meio dela; essa, um bolero perfeito. E Whipped Cream, cujo clipe (tem no You Tube) mostra Alpert dançando com uma centena de atores vestidos de Carlitos.

Mas mais clássico que o disco é a capa, onde a modelo Dolores Erickson aparece coberta de creme e segurando uma rosa vermelha.


O Soul Ssylum também parodiou a capa

Na época, Moss e Alpert achavam que era algo despudorado demais. Ainda mais que ela estava grávida e os seios de Dolores estavam ligeiramente proeminentes — fora o olhar pertubadoramente sensual dela, lanbendo os dedos. A foto se tornaria um ícone, sendo parodiada milhões de vezes. Claro que nem tudo aquilo era creme, senão teria derretido debaixo das luzes, durante a sessão de fotos. E ela vestia um discreto sutiã...





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Um comentário:

Anônimo disse...

http://tinyurl.com/yd6howw