quinta-feira, 18 de março de 2010

African Herbsman


A coletânea da Trojan, de 1971


Lee Perry, um dos precursores do dub e um dos maiores produtores de reggae na Jamaica dos anos 60, começou como vendedor de discos do patriarca do ska, Coxonne Dodd. Em 1971, depois de vários serviços prestados por diversos selos, ele fundou seu próprio estúdio, o Black Ark, onde pôde ter mais liberdade em suas produções.

Foi nessa essa época que ele trabalhou com os Waillers. Oriundos do tempo dos sound systems, a banda de Marley, Tosh & Bunny havia mudado o seu som, influenciado pelo rocksteady e pela religião Rastafari. Data dessa época os seus primeiros trabalhos dentro do gênero, que culminariam no sucesso internacional de Catch a Fire, já distribuídos pela Island Records, em 1973.

As sessões de Perry

Os Waillers, que eram artistas de Dodd, por divergências artísticas, o deixaram em favor de Perry, que já trabalhava com os Upsetters, um dos maiores grupos (e considerado por muitos, contra tudo e contra todos, o maior) de reggae até então. Em menos de um ano, sob a produção de Lee, Marley e grande elenco gravaram uma série de canções que é o big bang da música dos Waillers que iria marcar a década seguinte.

Embora muito longe das grandes produções da parceria Tuff Gong/Island, sob o comando de Chris Blackwell, esse material prima pelo fato de ser menos pretensioso e registrado bem no esquema das gravadoras jamaicanas da época, como a Trojan: um som de qualidade pobre e rudimentar, porém sinceras — sem as maquiagens típicas de Blackwell, por exemplo.


Leslie Kong

Antes das sessões com Perry, os Waillers tinham trabalhado com outro produtor da ilha, Leslie Kong: dessa época, nasceram canções como Soul Shakedown Party e Stop The Train. Da fase com Lee 'Scratch', eles gravaram muito do materiual que seria reaproveitado nos álbuns seguntes, como Sun Is Shining, Kaya, Trenchtown Rock, Small Axe, Lively Up Yourself, 400 Years e Satisfy My Soul (então chamada de Rock The Boat).


A briga

Meses após o contrato com Lee, os Waillers romperam com ele. A alegação era a de que o produtor teria registrado todas as músicas em seu nome, numa editora, à revelia da banda. Um acinte. No fim, Perry ganhou a briga e, até hoje, detém os direitos desse material. Foi por isso que, já na Tuff Gong, passou a registrar muitas das suas músicas com nomes diversos e parceiros idem, em editoras obscuras, a fim de evitar os tubarões de direitos autorais. Claro que isso deu uma tremenda dor de cabeça para a sua família depois da sua morte, em 1981.


Picaretagem musical

A partir de então, tento o material da fase Leslie Kong e Lee Perry do espólio musical dos Waillers é relançado em centenas de coletâneas diversas — daquelas que a gentre sempre encontra nos balaios de lojas de discos por aí. O funesto nisso é que a maioria desses discos, prensados apenas com interesse mercadológico, não possuem qualquer informação sobre a origens dos fonogramas. Pior: bilhões e bilhões desses CDs são lançados de tempos em tempos, sem qualquer apuro em matéria de digitalização.


African Herbsman

A primeira coletânea dos Waillers resultante das gravações com Lee Perry é Arfican Herbsman, de 1971. Ela saiu logo após o lançamento de Catch a Fire — naturalmente aproveitando a publicidade em torno do primeiro elepê 'internacional' da banda de Marley.

O disco é uma coletânea porque, como era comum na incipiente indústria fonográfica na Jamaica, os selos, em geral, investiam principalmente em singles. A razão é simples: pouca gente tinha condições de comprar um long-play. A outra é que o público-alvo era jovem e, com efeito, com menor poder aquisitivo. Junto com Herbsman, a Beverly lançou um The Best Of The Waillers que, na verdade, não é uma coletânea, e sim, as dez músicas que eles registraram sob a batuta de Kong.

O disco

A despeito de soar precário, Arfican Herbsman é um disco injustiçado: deve integrar a discografia "oficial" dos Waillers, pela sua qualidade musical. Por exemplo, a versão de 400 Years é tão boa quanto melhor do que a do Catch a Fire.

Lively Up Yourself, despida dos pancakes pós-produção da Island, e com um vocal com phasing de Marley, é deliciosa; Duppy Conqueror, que das muitas canções regravadas, permaneceu na primeira versão, e é tão clássica quanto Jamming ou Stir It Up.

O destaque é All In One, como o nome diz, é um divertido medley que eles bolaram, que passa por Nice Time, da Pyhillis Dylon, One Love (depois gravada no Exodus, de 77), What a Feeling, Simmer Down, Love And Affection e It Hurts to Be Alone (estas, mais do tempo dos Wailling Waillers).




Link nos comentários.

4 comentários:

Anônimo disse...

http://www.mediafire.com/?ndd5onqkdln

Anônimo disse...

O que aconteceu com o blog dos 1001 discos?

Xavier Andrade disse...

O que houve com o http://1001albuns.blogspot.com/ ?
Censura da RIAA?

Marcelo disse...

Segundo o Blogger, foi a Digital Millennium Copyright Act (DMCA). Abraço.