sábado, 7 de novembro de 2009

A Day In a Life


A capa


O Moody Blues é uma daquelas bandas de R&B britânicas do começo dos anos 60 que eu conhecia só de nome e que tinha dificuldade em encontrar algum disco dela. Um exemplo é o primeiro álbum deles, o The Magnificent Moodies, que eu só conheci muito depois do advento do CD. Isso que, no começo, eles eram realmente uma straight band ao estilo dos Small Faces ou dos Beatles, ligados ao som da British Invasion. Isso que, nessa primeira fase, além do Mike Pinder, Graeme Edge, Ray Thomas, eles contavam com o Denny Laine,que depois, nos anos 70, integraria o Paul McCartney & Wings.

Mas eu falava que eu então conhecia de longe o Moddy Blues e não liguei o nome à música estritamente até que viciei numa versão obscura de Nights In White Satin, gravada pelos brasileiros dos Baobás, num também obscuro disco de 1968. Achava essa canção sensacional, mas não sabia nem que ela era um dos — senão o — maior clássico da banda de Pinder nem que ela encerrava de forma brilahnte um dos maiores álbuns dos anos 60 — o mítico Days Of Future Passed.

A história do disco começou quando um produtor da Decca Records, Hugh Mendl, convidou o Moody Blues a entrar para a nova subsidiária da gravadora, a Deram. O objetivo principal do novo selo era lançar projetos alternativos de easy-listening, com produções sofisticadas e alta tecnologia de gravação, especialmente destinado a um público especializado.

O projeto incial de Mendl com Pinder & companhia era fazer com que a banda fosse solista de um concerto com uma orquestra sinfônica para criar uma versão pop da Sinfonia em Mi Menor, Op. 95 do compositor tcheco Antonin Dvorak, conhecida como a "New World", composta em Nova Iorque, em 1893.

A banda declinou gentilmente da idéia, mas sugeriu à Deram para que eles tivesem pleno controle do projeto, e convenceram o maestro da London Synphony Orchestra, Peter Knight, a criar uma particura especial para um projeto particular deles — e ele topou. Os executivos do selo, que à principio estavam céticos quanto à viabilidade comercial do trabalho, resolveram botar fé nos rapazes: fato é que, depois do sucesso tremendo que foi a hibridização musical de material erudito com o rock, no então recém consagrado Sgt. Pepper's, dos Beatles, pasaram a crer que o Moody Blues poderiam fazer o seu Pepper's.

E assim se deu. O roteiro de Days Of Future Passed é, mais ou menos no estilo de Ulysses, de James Joyce, a história de um dia na vida de um sujeito, desde o amanhecer até a noite, quando ele chega só em casa. Ao contrário de outros trabalhos, menos coesos, o disco do Moody Blues é compacto e bem enfeixado. Por exemplo, a abertura do álbum, The Day Begins, tem, na introdução, trechos de temas musicais que serão retomados nos movimentos seguintes — no mesmo estilo do leitmotiv das óeras de Richard Wagner e Carl Weber.

Dawn - Dawn Is A Feeling começa com um tema pastoral na orqueatra, até a canção filosófica; sempre ao cabo de cada música, a orquestra responde a mesma melodia, sob a forma de interlúdio, até se interligar sutilmente com o tema seguinte. The Morning - Another Morning se inicia numa marcha conduzida pelas flautas, onde a banda entra em resposta e, na coda, o tema prioncipal da marcha perpassa por todas as seções da orquestra, metais, madeiras.

Lunch Break - Peak Hour, a mais roqueira do disco, não orquestrada, é total e completamente influenciada pelo The Who. The Afternoon - Forever Afternoon (Tuesday) se destaca pelo largo uso do mellotron, instrumento que Pinder foi pioneiro em trazê-lo para o rock. Evening - The Sun Set - Twilight Time é quase uma pequena suíte em concerto dentro do disco, onde a orquestra — que faz o ritornello no fim, aparece de forma mais discreta, em favor de teclados e o coro.

O disco finalmente termina com The Night - Nights In White Satin, a piece de resistance do álbum, ia se tornar um sucesso em single tempos depois do seu lançamento, em 1972. A questão é que, quando o disco saiu, em novembro de 1967, não era comum que bandas de rock pop se ariscassem a editar compactos com mais de três minutos. Só depois de experiências como Like a Rolling Stone, Hey Jude e Layla que isso deixou de ser exceção e se tornou regra.

Cinco anos depois, a melancólica Nights In White Satin foi relançado em single e chegou ao primeiro lugar nas paradas da Billboard — se tornando um dos grandes clássicos do rock. No entanto, uma versão breve saiu em 68 e se saiu relativamente bem, cheganndo ao vigésimo lugar nas paradas britânicas, rendendo um clipe promocional, sem a parte da orquestra.


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Um comentário:

Anônimo disse...

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