domingo, 28 de outubro de 2012
Um Retrato do Artista Quando Jovem
A capa
Eric Clapton sempre se declarou um pusista do blues. E isso era muito mais escancarado para ele numa visão de mundo quando ele era um jovem artista, lá pelos idos de 1964, quando ele via o pop do merseybeat fazer sucesso enquanto seus ídolos, como Elmore James ou Big Bill Broonzy amargavam um injusto esquecimento por parte do grande público. Jás a sua banda, os Yardbirds, que tocavam basicamente covers de blues, estavam longe de serem artistas de primeira grandeza nos palcos do rock inglês dos anos 60, e a pressão interna era grande para mudar esse estado de coisas.
Clapton disse: "vendo o sucesso dos Beatles, nosso empresário, Giorgio Gomelsky,estava obcecado por um número 1".
O sucesso viria com uma canção chamada For Your Love, trazida por Paul Samwell-Smith. Graham Gouldman, futuro 10CC e compositor de sucesso, apreentou a música para a banda, quando eles faziam a abertura dos Beatles numa noite no Hammersmith Odeon Eric odiou-a, mas tocou guitarra nela. Em seguida, disse que estava a fim de sair, e foi demitido mesmo.
For Your Love foi um sucesso e levou os Yardbirds ao estrelado na América. O problema era explicar por que ele, Clapton, deixou o conjunto no auge comercial. No ostracismo, através de alguns contatos, ele foi apresentado a John Mayall, que tinha uma banda de blues meio jazzístico. Clapton sumia do jet set enquanto sua ex-banda granjeava sucesso nos Estados Unidos, agora com Jeff Beck na guitarra.
John o acolheu seu filho pródigo como um filho: arranjou-lhe um minúsculo quarto na casa de sua família, em Lee Green. Mayall era, de fato, o irmão (12 anos) mais velho: gostava de blues de Chicago e era tão empedernido com relação ao cânone do blues como Clapton - e a identificação foi imediata.
Mayall tocava base e piano, Eric solo, Hughie Flint a bateria e John McVie no baixo. O esquema era simples: se a semana tivesse oito dias, eles tocariam e ensaiariam oito dias> A contrapartida é que Eric podia direcionar a banda menos para o jazz e mais para o blues puro. E mais: John lhe deixava ouvir todos os seus discos nas horas de folga, em casa. E 35 libras por semana, que lhe rendiam, já que Clapton tinha quase tudo de graça.
O corolário dessa feliz união foi o disco Blues Breakers with Eric Clapton. Lançado pela Deram (selo da Decca para rock, então criado recentemente com o Moody Blues) em junho de 66. Gravado em poucos dias, esse seria o álbum que apresentaria o jovem artista a sua posteridade.
O projeto era gravar um show completo da banda no quartel-general deles, o Flamingo's. Devido a problemas nos tapes, a idéia ao vivo foi posta de lado em favor de um disco ao vivo em estúdio, com um mínimo de overdubs.
Clapton: "por ter sido gravado tão rapidamente,o álbum tinha uma qualidade crua e áspera que o tornava especial, Era quae como uma apresentação ao vivo. Insisti em posicionar o microfone exatamente onde eu queria durante a gravação, não muito poerto do meu amplificador, de modo que eu pudesse tocar por meio dele e obter o mesmo som que tinha no palco. O resultado foi que o som acabou ficando associado a mim".
Eric explica que a idéia do posicionamento nasceu do acaso, quando ele tentava mimetizar o som da guitarra de Freddie King. "O que eu fazia era usar o captador do cavalete (da Les Paul) com o grave a toda, de modo que o som ficava muito denso e à beira da distorção".
A seleção de faixas era excelente, indo de Robert Johnson, com a estréia de Clapton como lead vocal, embora ele resistisse a cantar Ramblin' on My Mind a princípio. Uma versão misturada de What'd I Say com direito a uma bem-humorada citação dos Beatles no solo, e a deliciosa All Your Love, cover do Otis Rush.
Blues Breakers with Eric Clapton virou um clássico, e por causa da foto da capa, foi chamado de Beano Album. A história é curiosa: na hora das fotos, Clapton, que era ávido leitor de gibis, pegou uma delas, a Beano, e insistiuem não desgrudar os olhos do exemplar, durante toda a sessão.
"Decidi ser um total estorvo, já que eu detestava posar para fotos", diz Eric em sua autobiografia. "Eu fiquei lendo enquanto o fotógrafo tirava as fotos, o que levou o disco a ser chamado de Beano Album".
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domingo, 23 de setembro de 2012
The Masked Marauders
A capa
Em fins de 1969, a revista Rolling Stone publicou uma matéria anunciando o lançamento de um disco que seria de um supergrupo, chamado The Masked Marauders.
A banda tinha o mérito de fazer algo então inéditoe, de certa maneira, esperado por boa parte do público rock: a junção de membros dos Rolling Stones, dos Beatles, e da The Band com Bob Dylan.
Foi assim: no começo do ano, saiu um disco pirata duplo, chamado Great White Wonder, com aquelas famosas canções da The Band com Dylan que foram gravadas no famoso porão da casa rosa do Al Grosman em Woodstock (e que saíriam oficialmente apenas em 1975 com os Basement Tapes), e que teve boa repercussão na época.
Esse disco é quente, mesmo,e foi um dos primeiros grandes bootlegs da história. Se não foi o primeiro, pelo menos foi o primeiro proeminente na indústria fonográfica, e chegou a ter ótimas vendagens e até boa veiculação por parte das rádios norte-americans da época. Até porque aquelas míticas sessões de gravação de Woodstock eram conhecidas apenas por poucos iniciados, e do grande público ficaram notórias somente as versões de outros artistas de temas como Wheel's On Fire, Tears Of Rage, I Shall Be Released, Mighty Quinn, entre outras.
O grande golpe se deu por conta de que, meses depois, houve rumores de que seria lançado uma continuação do Great White, que seria o Masked Marauders, e resolveram levar a cabo a história. O álbum seria uma espécie de Basement Tapes mas "para valer mesmo", e como foi dito antes, contando com a participação de gente como Mick Jagger, Bill Wyman, John Lennon e Paul McCartney.
A resenha da Rolling Stones, que dava um prewiew do que seria o disco - que, àquela altura, já estava gravado e em processo de mixagem, deixou os leitores malucos. O álbum, lançado pela Warner, avisava que por conta de problemas contratuais, os nomes dos músicos estavam apócrifos (como aconteceria anos mais tarde e de verdade com o Traveling Wilburys e que, de verdade, iria ser um supergrupo juntando Dylan e um membro remanescente dos Beatles, George). E lançou o disco com a crítica da revista e da San Francisco Chronicle.
Infelizmente, tudo não passou de um hoax, mas muito bem bolado e executado. Porém, os verdadeiros músicos do disco, esses sim eram rigorosamente apócrifos.
Gravado em tom de chiste, The Masked Marauders é bem humorado(ouça o imptoptu de Saturday Night) bastante convincente: temas como Cow Pie é uma brincadeira com Country Pie e To Be Alone With You, do Nashville Skyline. I Am the Japonese Sandman soa descaradamente com os Beach Boys e I Can Get no Cookie (que saiu em single) é assustadoramente similar à sonoridade dos Stones no Beggar Banquet, como aconteceria com o Flamin' Groovies com relação ao Sticky Fingers, dois anos depois.
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